> disponível em [português]: http://books.google.com.br/books?id=tVTHZt0guKIC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false
RESUMÃO ESQUEMÁTICO:
Prefácio à
primeira edição (Dresden, agosto, 1818)
*PENSAMENTO ÚNICO:
-“Apesar de todos os esforços, não pude encontrar caminho
mais breve para comunicá-lo do que todo este livro”.
-Tal pensamento a ser comunicado é aquele que se procurou
sob o nome de filosofia. Ele se mostra por diferentes lados, nomeados:
Metafísica, Ética e Estética.
-Num sistema de pensamentos deve-se sempre possuir uma
coesão arquitetônica, uma parte sustenta continuamente outra, que não sustenta
aquela. No pensamento único é o contrário: guarda a mais perfeita unidade, sua
coesão é orgânica, nenhuma parte é a primeira ou última.
-Um livro é dessemelhante à organicidade do pensamento
único, pois ele deve ter necessariamente uma primeira e uma última linhas.
*Recomendável ler duas vezes o livro, sendo que:
-O começo pressupõe fim e vice-versa, cada parte pressupõe
as outras. “A construção orgânica, não encadeada, do todo tornou necessário em
alguns momentos tratar duas vezes do mesmo tema”.
-1ª exigência de leitura: Ter paciência, na segunda leitura
tudo se esclarecerá. “O leitor mesmo é por sua vez também filósofo”.
-2ª exigência: Ler antes Sobre
a quádrupla raiz do princípio de razão suficiente e o 1º capítulo de Sobre a visão e as cores.
-3ª: Ler escritos capitais de Kant e apêndice Crítica da filosofia kantiana. Ter
freqüentado a escola do “divino” Platão e iniciado no pensamento dos Vedas
(Upanixades, literatura sânscrita, milenar sabedoria indiana).
*Aviso aos leitores impacientes: não se tenho nada a
expressar, espero pelo menos receber gratidão por ter alertado a não perder
tempo com um livro destinado a uma minoria. A quem chegou ao prefácio e espera
indenização por ter gasto dinheiro vivo pelo livro, há vários usos para um
livro não lido: preencher lacuna na biblioteca (parecerá muito bonito junto a
outros livros), colocá-lo na mesa de chá da amada, ou (aconselhável) que se
faça uma resenha dele.
*VERDADE: “a vida é breve e a verdade vive longamente [...]
digamos a verdade”.
Prefácio à segunda
edição (Frankfurt-sobre-Meno, fevereiro, 1844)
*tinha 56 anos.
*Diferencia Filosofia verdadeira de seu contrário:
-humanidade
-reconhecimento
tardio
-trabalho
incessante de uma vida
-autêntico,
correto
-coisa real
tomada nela mesma
-instrução
-empenho nobre
e sublime, em favor da luz e da verdade, seguindo seu próprio caminho,
existente em si
-verdadeiro primum mobile (1º motor),
estrela-guia, mola impulsora secreta
-intelecções [Einsichten]
-perseguir sina
intelectual porque “tem que” fazê-lo
-reflexão,
deliberação intelectual
-honestidade:
meditações filosóficas investigadas para si que podem servir de benefício
(impressionar, alegrar, consolar) para outros
-pesquisa séria
e silenciosa
-busca da
verdade (estrela-guia)
| <>
-contemporâneos,
compatriota, geração de agora preocupada com a ilusão do momento
-falso, ruim,
absurdo, disparatado
-vantagens,
interesses materiais
-aparências (“o
falso brilha”)
-entretenimento
-fins
estatais/pessoais/burocráticos/eclesiásticos/materiais/partidários
-intenções
[Absichten]
-filosofia
maltratada como instrumento do Estado (governos) ou como meio de
sobrevivência (professorado filosófico)
-“A verdade não
é uma huri, que se joga ao pescoço de quem não a deseja; antes é uma donzela
tão difícil que nem quem tudo lhe sacrifica ainda não pode estar certo de seu
favor” (p.29)
-“como também
em geral a filosofia, decaída a ganha-pão, não deveria degenerar-se em
sofística?” (p.29)
-sofística =
ganhar dinheiro com filosofia (mediocridade)
-“vemos em
todas as universidades alemãs a adorada mediocridade” (p.30)
-palavrório
inútil
-inspiração,
intuição, “pensamento absoluto” (vazio intelectual, charlatanismo)
-Hegel =
Caliban
-contemporaneidade
= prostituída
|
*em 25 anos, nada
foi retirado da primeira edição, pois “minhas convicções fundamentais se
confirmaram” (p.31), na segunda edição, a elaboração completa de pensamentos da
maturidade complementam o fogo energético da primeira concepção da juventude.
*KANT:
-“minha filosofia
parte da kantiana” (p.33)
-“Kant vai ao
particular”
-quem não domina
a filosofia kantiana está em estado de inocência, como o menor de idade está
para o adulto
-quem faz leitura
rápida/impaciente de Kant: direção ruim, filosofema, ordinário, cabeças
vulgares, sofistas cabeças-de-vento, ausência de graça, hegeliaria sem-sentido,
palavrório vazio, sofistas mais pobres, disparate mais besta da dialética
-a doutrina
kantiana só está em suas obras
*”quem se sente
impelido para a filosofia tem de buscar seus mestres imortais na serena
santidade de suas obras” (p.35)
*aos professores
de filosofia:
-ignoraram sua
obra [schopenhaueriana] como algo dentro de seus objetivos políticos seguros e
astutos
-“primum vivere, deinde philosophari” –
querem e vivem da filosofia
-ensinam teologia
especulativa, fábulas
*”minha filosofia
não veio a lume para que se possa viver dela” (p.36)
*”que tem a ver a
minha investigação silenciosa e séria com os tumultos da cátedra e os bancos de
sala de aula, cuja mola impulsora mais íntima são sempre os fins pessoais?”
(p.37)
*é aconselhável o
silêncio e o ignorar até que o reconhecimento venha
Prefácio à terceira edição
(Frankfurt-sobre-o-Meno, 1859)
*tinha 72 anos
(1859)
*136 páginas a
mais do que a segunda edição
*Parerga e paralipomena = ornatos e
suplementos: escreveu sete anos após segunda edição
Livro primeiro
§1
*”O mundo é minha representação”
-verdade a priori
universal (não necessita de prova) em relação a cada ser que vive e conhece
-só o homem pode trazê-la à consciência refletida e abstrata
-o sol existe para o olho que o vê, a terra existe para a
mão que a toca
-tempo/espaço/causalidade (figuras particulares do princípio
de razão) já a pressupõem
-o que existe para o conhecimento (mundo inteiro) é tão-só
objeto em relação ao sujeito
-essa verdade já se encontra no ceticismo que inspirou
Descartes
-Berkeley foi o primeiro a expressá-la decididamente
-filosofia cética de Vyasa: a matéria não possui essência
alguma independente da percepção mental
§2
*sujeito = aquele que tudo conhece onde houver conhecimento,
e nunca é conhecido; tudo existe para ele; é o sustentáculo do mundo; ele não
se encontra nas formas (tempo/espaço); é inteiro, indiviso.
*objeto (corpo) = está sempre submetido ao princípio de
razão, se encontra nas formas do tempo e do espaço; pluralidade; é
representação; está em relação necessária com outros objetos.
*mundo = possui duas metades
essenciais/necessárias/inseparáveis: OBJETO e SUJEITO. Onde começa o objeto,
termina o sujeito.
*as formas universais e essenciais de todo objeto
(tempo/espaço/causalidade) partem do sujeito e residem a priori na consciência [Kant].
*princípio de razão = tudo o que conhecemos a priori é conteúdo dele.
§3
*a diferença capital entre todas as representações é a entre
intuitivas e abstratas.
*representações abstratas = constituem apenas UMA classe de
representações – os conceitos; a capacidade para formulá-los chama-se razão e é
própria do humano.
*representações intuitivas = abrangem todo o mundo visível
(a experiência inteira).
*experiência = é dependente da intuição.
*espaço/tempo = são intuídos puramente e vazios de conteúdo,
são uma classe de representações que subsistem por si mesmas; são formas
universais da intuição, intuíveis por si, independentes da experiência.
*princípio de razão = “nada é sem uma razão pela qual é” [nihil est sine ratione cur potius sit, quam
non sit], se aplica à totalidade dos fenômenos; determina experiência como
lei de causalidade e motivação, também determina pensamento como lei de
fundamentação dos juízos; possui quatro raízes:
1) devir: a ele estão submetidas as representações da
realidade (da experiência possível),
2) conhecer: ” representações de representações (conceitos),
3) ser: ” parte formal das representações (intuições das
formas dadas a priori – o
espaço/tempo); no tempo é a seqüência de seus momentos, no espaço é a posição
de suas partes,
4) agir: ” sujeito do querer (agir conforme a lei de
motivação).
*TEMPO = nele, cada momento só existe na medida em que
aniquila o precedente (seu pai) para em seguida ser novamente aniquilado;
passado/futuro são tão nulos quanto qualquer sonho; presente é somente o limite
(sem extensão e contínuo) entre ambos – a mesma nulidade
é reconhecida nas demais formas do princípio de razão; tudo resultante de
causas e motivos possui existência meramente relativa (existe apenas
por/para um outro, também relativo).
*o essencial dessa visão é antigo:
-Heráclito: fluxo eterno das coisas,
-Platão: objeto como aquilo que sempre vem-a-ser, sem nunca
ser,
-Espinosa: meros acidentes da substância única, existente e
permanente,
-Kant:contraposição fenômeno x coisa-em-si,
-Vedas (sabedoria milenar indiana): MAIA, o véu da ilusão,
que encobre os olhos dos mortais, deixando-lhes ver um mundo
§4